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Ossos do ofício...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

As minhas mãos são o meu instrumento de trabalho. Sou Fisioterapeuta e todos os dias por elas passam histórias e vidas, sonhos e dores, dúvidas e certezas, risos e lágrimas e é tão giro sentir o que cada um tem para nos dizer...

Mal entram pela porta do ginásio, pela forma como andam, olham, falam já sei como se sentem os meus utentes, que expectativas trazem no menu do dia e como vou conseguir ou não chegar até eles...

Assim que me fardo, deixo de ser Eu para mim e passo a ser Eu para eles. Há dias que custa muito! Dias em que queremos ficar no nosso canto, sem ter que dirigir a palavra a ninguém, dias em que precisamos que cuidem de nós e não o oposto, mas na farda vem incluido o sorriso acolhedor e ninguém tem culpa das nossas arestas pessoais por limar .

Todos os dias tenho histórias para contar, que vão desde tragi-comédias, a cenas esquiso à Woody Allen. Chego mesmo a ter horas em que entro em contacto com o meu lado Psycho, mas agarro-me à "Música no Coração", canto para dentro e acaba por passar.

Nisto, com os problemas do lado de fora da porta, fardada e com o sorriso nº 2 engatilhado, lá começo a trabalhar, num egoísmo altruísta, onde me dedico aos problemas dos outros para me distrair dos meus próprios.

Enfim... OSSOS DO OFÍCIO... e músculos... e tendões!

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