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SIDA vs Doença da Mentira

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Um destes dias, tropecei numa notícia que me abalou as estruturas... Descobri, em conversa informal e desprotegida com uma amiga querida, que um grande amigo meu tem SIDA.


Não me surpreendeu o facto, tendo presente os seus antecedentes vivenciais, mas entre a surpresa e a preocupação, houve um sentimento que se evidenciou: a mágoa!

Não é a mágoa com a vida, do "ohh porquê ele?", porque quem "cutuca a onça com vara curta", neste caso com agulha curta, arrisca-se. Não é isso...

O que me magoou foi o facto de nunca mo ter dito e pior... ter mentido quando noutro contexto o questionei sobre o tema. O que terá pensado? Porque o fez? Porque me mentiu?

A vida é demasiado preciosa para todos nós, e com doença confirmada ou surpresa acidental de quem atravessa uma estrada na hora errada, todos temos a viagem agendada! Porquê preencher o tempo de espera com mentiras entre AMIGOS?

Nunca me iria afastar ou alterar o meu comportamento face à notícia, e sei que ele sabe disso, por isso não o entendo! Pior que qualquer doença física, é o veneno da mentira numa amizade de Almas... é corrosiva, prejudicial e contagiosa, bem pior que a SIDA, hein? Esta mata a longo prazo, mas a mentira destrói a curto e durante da VIDA!

Quando fazemos parte uns dos outros (e neste caso posso afirmar que ele pertence à ELITE dos amigos importantes na minha vida) não nos afastamos ou perdemos só porque um dia cometemos erros ou nos metemos numa alhada, não! Pelo contrário, unimo-nos mais para juntos sermos mais fortes!
Por isso, porquê infectar um sentimento tão bom com uma doença destas: a MENTIRA! Não vale a pena mentir sobre os factos! Quem vale a pena, FICA!
PS: Ainda hoje ele não sabe que eu sei...

(Des)respeito em Saúde

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Infelizmente na semana passada soube que o meu avô tinha sido internado...

Na nossa família, as notícias voam rapidamente e todos (ou quase) se mobilizam para ajudar e acabámos na sala de espera do Hospital...à espera no verdadeiro sentido da palavra! Enquanto isso, lá dentro, o meu avô estava "perfeitamente acomodado" aguardando a visita médica, diziam.

Passadas HORAS de silêncio e imaginação angustiada, pudémos visitar o avô e perceber o que se passava. Pois não é o meu espanto quando dou com ele "perfeitamente acomodado" numa maca estreita, no meio de um corredor barulhento, apinhado de gente, com uma batinha mini- saia (aberta atrás- último modelo), sem cobertor e apertadinho para fazer as suas necessidades.

Eu sei que a Saúde em Portugal está mal, que os profissionais estão descontentes, que não há condições de trabalho e que o cinto já não tem mais buracos para poder ser apertado, mas por favor, RESPEITO pelas pessoas é GRATUITO! Chama-se HUMANIZAÇÃO DOS CUIDADOS DE SAÚDE, lembram-se?!

Incomodou-me profundamente assistir à falta de respeito dos profissionais para com os utentes, desde os chamarem por "tiozinho" ou "avôzinho" (que eu saiba o meu avô não tem netos ou sobrinhos ali), até ao facto que quererem que um senhor de 86 anos, culto, inteligente e em perfeitas capacidades mentais, faça cocó no meio de um corredor cheio de gente, numa panela achatada de metal, a arrastadeira, sem sequer lhe providenciarem alguma privacidade. Talvez pensem que o mini modelito de corte italiano que lhe vestiram tape o seu desconforto e embaraço... Não sei!

Como se não bastasse, mais tarde mobilizaram o meu avô para outro hospital, sem informarem a família, que continuava noutra longa fase de espera, sentada na bendita sala. O que é feito da COMUNICAÇÃO e apoio à família? Consentimento informado?HUM???

Acredito que quem trabalha em Saúde tem de ter um perfil específico de valores, em particular ter presente o respeito pelo ser humano. Açougueiros e aristocratas talvez não encaixem muito bem no tema, mas se olharem à volta é o que nos rodeia. Atenção: temos muita gente boa, com excelentes capacidades e profissionalismo. Infelizmente a maioria não o é, e numa crítica revoltada entram todos no mesmo saco de pancada, temos pena!

Moral da história: sim, o Sistema de Saúde está deplorável por falta de verba, mas os valores dos seres humanos estão piores ainda, por falta de verbos... o CUIDAR, o RESPEITAR E o AMAR!

Dia de São Valentim...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ontem foi dia de São Valentim... Dia de ver corações em tudo quanto é montra e arredores e notinhas a voar do bolso em nome do Amor... Até nos correios me perguntaram: "Já comprou postal do dia dos namorados?" Coitado do São Valentim... morreu decapitado e nós é que andamos a perder a cabeça!

Comercializaram a sua existência, transformando o seu sacrifício pelos outros em peluches cor de rosa e postais impingidos pelos correios. E ainda usam o seu nome em vão... porque na realidade acho ninguém sabe quem foi ou o que fez. Até quem não acredita em santos ou é ateu festeja este dia... vá-se lá entender!

Na rádio ouvi um locutor dizer que só no Dia de São Valentim é que se podem dizer certas coisas de Amor...
Brincamos??? Desde quando é preciso marcar dia para dizer a alguém o quanto o amamos? Para exprimir o quanto é importante para nós e complementa a nossa existência? Desde quando é preciso gastar dinheiro para ver o nosso amor sorrir e fazê-lo saber o que sentimos?

Amigos, todos os dias são bons dias para dizer a quem amamos o quanto o amamos. Todos os dias são bons dias para fazer o nosso amor sentir-se especial. Todos os dias são bons dias para oferecer um presente, se acham que isso tem significado para vós. Porquê esperar por dia 14 de Fevereiro quando temos outros 364 dias para sermos e fazermos alguém feliz?

Uma flor catada de um jardim alheio, mesmo ornamentada com uma aranha, se oferecida com amor e um brilho característico dos apaixonados nos olhos, pode expressar todo o afecto que sentimos. Porque será que achamos que temos que provar a intensidade do nosso amor com um ramo de flores gigante ou um presente caro, directamente proporcional? Porque será que achamos que temos de gastar dinheiro num presente pelo Amor, quando o verdadeiro amor é o maior tesouro que podemos possuir e oferecer?

O Amor não tem preço, nem dias marcados... Amem sempre!

Lava Oculta...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Uma coisa boa quando dividida, multiplica-se... Partilho convosco um dos meus poemas preferidos do Júlio Dinis!

Não me entendes? Não suspeitas
Que esta frieza é fingida?
Não vês, cega, que envolvida
Está nela ardente paixão?
Quando teus olhares evito,
Quando julgas que medito,
Não compreendes que me agito
Em profunda inquietação?

E julgas isto frieza?
Julgas que o meu peito é gelo?
Se o que sinto não revelo,
Julgas que isso é não sentir?
Ai, louca, que assim te iludes;
Um momento que me estudes,
Verás que as tormentas rudes
Me estão no peito a bramir.

Se a mão te cinjo à partida,
Não a sentes vacilante?
Diz, não vês como inconstante
Busco e evito o teu olhar?
Chamas a isto indiferença?
Não é, não, repara, pensa;
É o amor que se condensa
Para mais me devorar.

E tu não sentes… nem podes;
P’ra que os olhos vejam tanto,
E, sob indiferente manto,
Descubram violento amor,
Não, não basta olhar somente;
O que o peito não pressente,
Só quando for rebente
Pode aos olhos ter valor…

E o teu coração… outrora
Esperei que me entendesse;
Julguei que nunca esquecesse
O que na infância nasceu,
E com os olhos no futuro
Caminhei firme e seguro,
E nunca este culto puro
No peito me adormeceu.

Mas tu… essa flor singela
Da afeição que nos unia
Se definhava e morria
Desde que outra flor surgiu:
Cenas da infância, folguedos,
Seus sorrisos, seus segredos,
Passam, como nos olmedos,
A folha que ao chão caiu.

E por isso as esqueceste;
Eu não; que então já no seio
Ocultava com receio
Mais do que infantil amor.
Quando, só, em ti pensava,
E só contigo me achava,
Não te lembras? Já corava,
Nem p’ra mais tinha valor.

Cresci, e esta ideia sempre
Afagava na lembrança;
Sempre, sempre esta esperança,
Sempre, sempre esta ilusão!
Ilusão, sim, era apenas;
Todas as passadas cenas
E recordações amenas
Riscou-tas nova paixão.

Foi uma noite. Esta ideia
Inda a conservo bem viva,
Cada dia mais se aviva
P’ra mais me fazer sentir;
Desde então já não me iludo,
Foi uma noite; vi tudo,
E fiquei gelado, mudo,
Sem esperanças, sem porvir!

Um outro estranho, que importa?
Te falava com meiguice
E às palavras que te disse
Tu sorriste e ele sorriu.
E, desumana, não vias
Que o amigo de outros dias,
De cada vez que sorrias,
Cruéis angústias sentiu!

Ai, noite de insónia, aquela!
Tu calcaras o passado,
Nem talvez nunca pensando
Havias nele como eu;
Quis esquecer-te, vingar-me,
A outro amor entregar-me.
Mas só consegui cansar-me;
Este amor permaneceu.

Até quando? Só Deus sabe.
Comprimido ele floresce,
Mas vive, mas não fenece,
Que já da infância ele vem;
Tu não vês que uma outra chama
Há muito teu seio inflama,
E quando deveras se ama,
Vê-se o amante e mais ninguém?

Bom é pois que não suspeites
Que esta frieza é mentida
Que não vejas que envolvida
Oculta ardente paixão.
Quando teus olhos evito,
Quando julgas que medito,
Nunca saibas que me agito
Em profunda inquietação.

Droga de amor...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

“ … Amar é como uma droga. No princípio vem a sensação de euforia, de total entrega. Depois, no dia seguinte, tu queres mais. Ainda não te viciaste, mas gostaste da sensação e achas que podes mantê-la sob controlo. Pensas durante dois minutos nela e esqueces por três horas. Mas aos poucos, acostumas-te com aquela pessoa, e passas a depender completamente dela. Então, pensas por três horas e esqueces por dois minutos. Se ela não está perto, experimentas as mesmas sensações que os viciados têm quando não conseguem arranjar a droga. Nesse momento, assim como os viciados roubam e se humilham para conseguir o que precisam, tu estás disposto a fazer qualquer coisa pelo amor.”

Paulo Coelho

Atenção: esse não é o verdadeiro AMOR... são somente a Desilusão e a Dor que um dia decidiram mascarar-se para enganar os apaixonados. Não confundam... Digam NÃO À DROGA... de amor!