RSS

Rugas de Luz

terça-feira, 18 de março de 2008

Hoje escrevo-vos ao calor de uma lareira velha da casa antiga da terra e ao som de uma carpideira da realeza: a minha avó! Entre os “aiiiisss” que já nem a causa ela sabe bem e as invocações do “Jesus de Nazaré” e a “Sra. de Fátima” a Dona Avó sabe bem mudar de tom para pôr o mundo a servi-la quando precisa, daí eu provocá-la ao dizer que é da realeza da fina flor do entulho, só para agitar as massas e lhe dar um bom motivo para rir.

A velhice assusta e deprime, quando, em vez de pessoas satisfeitas com as construções do passado e orgulhosas da vida vivida, nos olhamos ao espelho e vemos tudo aquilo que não fomos, tudo aquilo que não vivemos, todos os sonhos que não tivemos coragem de perseguir e sentimos o sabor amargo do coração a subir à boca e a sair nas palavras.

Adoro vir a esta casa velhinha! Ainda hoje, no quintal, sentei-me numa mesa ao pé do tanque seco e quando dei conta desmoronou e caiu por terra quase comigo. É ela podre e eu gorducha! Valeu umas boas gargalhadas!

Passo bons minutos no quintal a ver o verde das ervas daninhas, o laranja e amarelo das tangerinas e limões gigantes, o poço partido, as obras arquitectónicas das aranhas... e sonho... Imagino o quintal todo arranjado, as paredes caiadas, as flores arrumadinhas por cores, o poço enfeitado e um banco de jardim à sombra do telheiro. Gostava de ficar com esta casa e restaurá-la toda, e mais tarde proporcionar aos meus pais uma velhice feliz e saudável no campo.

Pois desejo, um dia, que as rugas das suas caras sejam de tanto sorrir para e com a Vida...

Rugas de Luz é o que nos desejo a todos.

1 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.